terça-feira, 30 de abril de 2013




Para lidar com a inclusão de Pessoas com Necessidades Educacionais Especiais (PNEEs), é preciso abandonar a idéia equivocada de que o professor tem que se preparar para atender alunos com deficiência.
Segundo Maria Tereza Matoan não existem métodos de ensino especiais para se ensinar os conteúdos curriculares para esses alunos. “O professor não tem que aprender como ensinar matemática para alunos com deficiência. Ele tem de se preparar para atender a todas as crianças. O ensino escolar vai mal porque a escola continua repetindo no século XXI o que foi a escola do século XVIII", aponta a psicóloga.
Ainda segundo ela, a preparação dos professores comuns deve passar pela naturalização de seus métodos, práticas de ensino, avaliações, entre outras tarefas, que estão muito defasados. “Por outro lado, os professores da educação especializada precisam também aprender a distinguir as suas funções das dos professores comuns, ensinando, sem repetir nas classes especiais, o que é próprio da escola comum, como acontece muito, até hoje, nas escolas especiais”, completa.
Ainda segundo a psicóloga, as escolas estão sendo preparadas para receber esses alunos, a partir da presença deles nas escolas. “Aprendemos a fazer, fazendo”, diz ela.
“É óbvio que se as crianças são segregadas em escolas especiais, não há necessidade de as escolas comuns se prepararem para recebê-las. Como agora, elas estão sendo encaminhadas às escolas comuns, tudo muda”, completa.
Para a educadora Tânia Regina Laurindo, o primeiro passo da inclusão é entender e aceitar que cada criança tem um ritmo, tendo ela uma necessidade especial ou não. É preciso conhecer a criança sem o rótulo de uma doença. “Vivemos numa sociedade que impõe padrões e se a criança não se enquadra, ela está fora, fora do mundo, fora da escola. Para trabalhar com a criança com uma necessidade especial, seja ela qual for, física ou neurológica, o professor tem que se desprender do preconceito”, acredita. Além disso, a escola precisa de um bom projeto pedagógico. No projeto coordenado por Laurindo o conteúdo a ser ensinado é adaptado conforme a necessidade e o interesse do grupo. A escola recebe dois alunos portadores de necessidades especiais por sala com, no máximo, 25 alunos. “Não adianta trazer a criança para a escola e simplesmente colocá-la sentada na sala. Há que se desenvolver novas maneiras para atingir essa criança. Trabalhar com inclusão numa escola dizendo que todos devem abrir o livro na página tal pode excluir ao invés de incluir a criança com necessidades especiais, porque ela vai perder o interesse, vai se isolar”, acredita a coordenadora.
Apesar das dificuldades, entretanto, a convivência com outras crianças é fundamental, porque isso permite à criança ter o referencial do outro. "Se ela convive só com crianças iguais, não pode aprender outros parâmetros de comportamento que não os de crianças como ela. Ao freqüentar a escola regular, portanto, ela tem ganhos sociais", explica Carmem Minuzzi da Fundação Síndrome de Down.

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